Entenda a síndrome da disfunção cognitiva em cães e saiba como identificar e manejar os sinais do envelhecimento cerebral nos pets

Assim como nós, os cães também envelhecem — e, com o tempo, podem apresentar alterações no comportamento que vão além de simples mudanças causadas pela idade. Alguns tutores percebem que o pet parece mais confuso, dorme em horários diferentes ou esquece rotinas simples, como onde fica a caminha ou o local das refeições. Esses sinais, muitas vezes discretos no início, podem estar associados ao surgimento da Síndrome da Disfunção Cognitiva (SDC), popularmente conhecida como Alzheimer canino.

O termo faz referência a uma doença neurodegenerativa progressiva, que costuma atingir cães mais velhos — geralmente a partir dos 8 anos — e tem como característica a perda gradual de funções cognitivas, como memória, aprendizado e percepção. A condição é comparável ao Alzheimer humano justamente pelos sintomas semelhantes, embora tenha características e causas específicas da espécie.

“O que acontece, na prática, é que o cérebro do animal começa a sofrer um processo natural de envelhecimento, com redução na atividade dos neurônios e diminuição de neurotransmissores importantes, como a dopamina e a acetilcolina. Como resultado, o cão pode apresentar comportamentos diferentes do habitual, como desorientação em ambientes familiares, alteração no sono, vocalizações sem motivo aparente, perda de hábitos de higiene ou até dificuldade para reconhecer pessoas próximas”, explica Mariana Raposo, médica-veterinária gerente de produtos da Avert Saúde Animal.

Muitos tutores demoram a perceber que essas mudanças podem ter origem neurológica, confundindo os sintomas com “manias da idade”. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental. Ao notar alterações comportamentais persistentes, é essencial procurar um médico-veterinário, que poderá investigar outras possíveis causas — como dores crônicas, problemas hormonais ou até perda sensorial — e confirmar o quadro de disfunção cognitiva.

Embora não exista cura para o Alzheimer canino, é possível manejar a condição com bons resultados. O tratamento inclui mudanças na rotina, estímulos cognitivos e suporte nutricional. Nesse contexto, a suplementação tem se mostrado uma aliada importante no cuidado com cães idosos, especialmente quando inclui nutrientes com ação comprovada sobre o sistema nervoso central.

“Os ácidos graxos essenciais da família ômega-3, como EPA e DHA, contribuem para a proteção dos neurônios e têm efeito anti-inflamatório. O triptofano, por sua vez, auxilia na produção de serotonina, favorecendo o equilíbrio emocional e ajudando a reduzir sinais de ansiedade ou irritabilidade, comuns em quadros de disfunção cognitiva. Já o extrato de valeriana, de origem vegetal, possui propriedades calmantes que podem ajudar a melhorar a qualidade do sono, especialmente em animais com agitação noturna”, elucida a profissional.

Esses compostos, quando utilizados de forma complementar à rotina do pet e sob orientação veterinária, oferecem suporte relevante à função cognitiva e ao bem-estar comportamental. A escolha da suplementação deve sempre considerar o histórico clínico e o estágio da doença, sendo parte de um plano individualizado para cada animal.

“Além da suplementação, medidas simples no dia a dia também fazem diferença: manter uma rotina estruturada, evitar mudanças bruscas no ambiente, promover estímulos mentais com brinquedos e exercícios leves e, acima de tudo, oferecer paciência e carinho. Esses cuidados ajudam o pet a se sentir mais seguro e confortável, mesmo diante dos desafios que a idade pode trazer”, reforça Mariana.

A longevidade dos pets é uma conquista — e também uma responsabilidade. Entender o Alzheimer canino é parte fundamental desse cuidado: quanto mais informados e atentos os tutores estiverem, maiores são as chances de garantir uma velhice mais tranquila, ativa e feliz para os companheiros de quatro patas.